ah, mas e o fulano que fumou e bebeu a vida toda e viveu até 100 anos?
por isso não vale a pena se preocupar demais com a saúde (deixa eu te explicar uma coisa sobre isso)
Eu sei que você já deve ter ouvido ou falado essa frase alguma vez na sua vida e já adianto, pode até parecer que faz sentido, mas não faz. Porque não existe lógica nenhuma da gente pegar um caso em um milhão e torná-lo a regra (definitivamente, não seria seguro se a ciência trabalhasse com essa metodologia, né?). Esse tio aí, que comeu banha de porco a vida inteira e nunca recusou um cigarrinho, teve uma coisa que muito provavelmente você e eu não teremos, sabe o que? Sorte.
Imagina que a gente tá num café e eu te conto que a Marcos atravessou uma rodovia de olhos fechados e não foi atropelado, você basearia uma conclusão sobre isso apenas com o caso muito específico dele?

A ciência tem um nome pra isso, esse efeito é um viés cognitivo chamado “viés de ancoragem”- obrigada Daniel Kahneman por escrever esse livro maravilhoso, inclusive, me refiro a preciosidade chamada: Rápido e devagar. Duas formas de pensar.
“Você está exposto a uma informação irrelevante (a âncora), e, mesmo assim, a sua estimativa acaba sendo influenciada por essa informação, mesmo que você saiba que ela não deveria ter qualquer impacto”
Basicamente, a gente só presta atenção nos casos que deram certo e ignora os outros milhões de exemplos que não. Ou seja, a gente vê o fulano, mas não vê os outros sicranos que não chegaram nem perto dos 50.
Se você pegar todas as evidências científicas acumuladas sobre os efeitos do cigarro e do álcool, por exemplo, vai precisar de uma montanha inteira de papel. Já sobre os casos de ‘fulanos’ que viveram até os 100, bom… talvez uma folha A4 dê conta. Você precisa se forçar a não pensar com esse viés aí, lembrar que um único exemplo não desfaz a realidade biológica de bilhões de pessoas.
mas e se eu for um sortudão?
A ciência não se baseia em exceções, e a sua saúde também não deveria. A questão aqui não é sobre “e se?”, mas sobre probabilidades. A ciência é probabilística (ainda bem!). Então eu respondo a essa dúvida com uma pergunta: vale o risco?
A verdade é que como eu disse ali no comecinho, a maioria de nós não vai ter essa sorte, para a maioria, hábitos ruins trazem consequências sérias e bastante reais. Mas sei lá, se você quiser continuar apostando na sorte… Eu prefiro não deixar minha saúde nas mãos do acaso não.
Te vejo na próxima, combinado?
Ansiosa pra começar a atender como nutricionista - em 6 mesessss - e sim, costumo abordar muitos temas comportamentais nas consultas (no estágio clínico à princípio) porque definitivamente, a nutrição é muito mais do que uma matemática exata.
Inclusive, deixei uma lista de espera em aberto, caso queira ser atendida(o) por mim em meados de Março/Abril, é só colocar seus dados aqui.
Um beijo da Lua, sua futura nutricionista. :)
"viés de ancoragem", fiquei curiosa. Só conhecia o viés de confirmação.